terça-feira, maio 29, 2018

Foi o meu aniversário...

Foi o meu aniversário e presentearam-me com telefonemas, mensagens e comentários tão bonitos.
Foi o meu aniversário e a minha filha fez-me chorar de emoção quando me deu a sua prenda... uma garrafa de vidro com um papiro dentro escrito por ela com uma mensagem linda e...
... uma lata de leite condensado
... uma coroa 
... um candeeiro que emite um arco-íris
foi o meu aniversário... e eu usei a coroa
foi o meu aniversário... e eu senti amor

quinta-feira, maio 10, 2018

A destruição dos afectos

Gosto de pessoas, no entanto cada vez gosto menos de pessoas e de menos pessoas.
Tenho vivido segundo um pressuposto errado, gosto de pessoas até prova em contrário. Isso traz dores e dissabores, mas sobretudo é injusto com as outras pessoas.
Partir do princípio que todos partilham dos mesmos princípios ou do mesmo carácter é de uma arrogância intelectual e emocional brutal.
As pessoas têm educações, forças, fraquezas, sensibilidades ou insensibilidades diferentes, simplesmente porque têm histórias de vida diferentes.
É injusto (generalizando) criar expectativas, porque espelhamos a nossa verdade e o nosso carácter no "outro"... e o "outro" não é o nosso reflexo.
É claro que também existem os casos que as expectativas são "plantadas" de uma forma despudurada e leviana... e são essas as pessoas que me entristecem... mas é uma tristeza que passa, e para minha tristeza passa cada vez mais rápido... tristeza porque a rapidez desta cura é uma espécie de descrença em relação às pessoas e isso é triste...
Desenvolvi uma espécie de "confio desconfiando" que me retira aquela ingenuidade que tanto apreciava em mim.
Existem no entanto pessoas, que não sei porquê, eu confio desde o primeiro momento... e gosto desde o primeiro momento... e torço para que não me decepcionem... é fé ou ainda alguma réstia de ingenuidade? Não sei...
Lá estou eu com os meus contrasensos... sim as pessoas são diferentes, mas há valores que (para mim) são universais quando se gosta de alguém... na amizade ou amor, é igual...
Ser-se grato, atento, preocupado...
"obrigada", "se faz favor", "desculpa", "precisas de mim?", "gosto de ti"... e tantas outras coisas que para mim são verdades universais não aplicadas. Incompetência? Egoísmo?
Não sei...
Sei que o acto de destruir afetos é muito mais fácil e corriqueiro hoje em dia que construir afectos.
Gosto de pessoas, mas cada vez gosto menos de pessoas e de menos pessoas.


quinta-feira, maio 03, 2018

A desumanização ou a descaracterização do indivíduo

Vivemos uma espécie de praga que tem como consequência a "morte" dos valores.
É difícil resistir a essa praga... "olho por olho e dente por dente" é sem dúvida nenhuma o caminho mais fácil, atrevo-me a dizer que é uma tentação quase irresistível... só que se cairmos nessa tentação sucumbimos à "doença" da desumanização e acontece a tal descaracterização do indivíduo...
Deparo-me com uma sociedade onde existe uma indiferença ao semelhante, uma crueldade gratuita, um egocentrismo ridículo, uma raiva por tudo... e por nada.
Confesso que estive perto de contrair essa "doença" várias vezes... e em todos esses momentos eu pratiquei o isolamento como defesa e reflexão.
Percebi finalmente que sou imune. Não me conseguem desumanizar.
À maldade a minha resposta será sempre um sorriso... e o meu sorriso é de esperança que de alguma forma seja um antídoto... uma cura. Posso não conseguir mudar o mundo, mas se conseguir mudar alguma coisa, por pouco que seja já valeu a pena.
Não quero com isto dizer que sou apologista de "dar a outra face", não... é simplesmente não atacar como resposta... parece difícil mas garanto que não é.
Desistam de tentar desumanizar-me, eu sou mais forte.
A amizade, o amor, dar sem esperar receber, o respeito pela diferença, o desapego material, a sensibilidade exacerbada... são características que farão sempre parte de mim.
Raiva é um sentimento que vou sempre contrariar... pena é um que não consigo evitar...
Obrigada e desculpa, serão palavras que direi sempre, mesmo que eu não ouça essas palavras...
Sou imune à desumanização e isso faz-me sorrir.