quarta-feira, novembro 28, 2018

Corda Bamba - Parte II

a corda bamba… acabou
desequilibrei-me 
caí e… fiquei em carne viva
levantei-me mas não voltei para a corda bamba
trepei pelas paredes sem parar e sem olhar para baixo…
fiz questão de sentir todas as dores
cheguei ao topo… ao outro lado da corda bamba
cheguei sozinha… em carne viva mas cheguei
não tive rede para me amparar a queda… não tive
às vezes é melhor assim
aprende-se com as dores
eu aprendi
não gosto de corda bamba
prefiro andar, correr, saltar, trepar…

posso até cair… mas porque tropeço
mas empurraram-me... eu caí 
não gosto de corda bamba
cheguei ao outro lado da corda bamba… 
o que era suposto ser o outro lado foi substituído pelo “topo”...
caí e olhei para cima… o outro lado passou a designar-se “lá em cima”
em carne viva subi e cheguei ao topo… sozinha
não havia uma mão para me puxar….
agora olho para a frente… 
o sangue está seco….
as feridas cicatrizam… as cicatrizes desenham novos traços em mim
tenho novos traços… sou a mesma, mas com novos traços
tenho novos traços… aprendi lições
não gosto de corda bamba
não há mãos… há a minha mão
cheguei ao topo e olho em frente…
são vários os caminhos que posso escolher…
agora aparecem mãos… agora?
olho para essas mãos e sorrio…. 
hummm…. o meu sorriso, tanto para dizer sobre o meu sorriso…
tanto para dizer sobre tanta coisa… mas eu sorrio e olho em frente
cheguei ao outro lado… sozinha


segunda-feira, novembro 19, 2018

20 de Novembro... Tomorrow

Amanhã... o futuro existe?
O tempo... a "prisão" do tempo em nós é muitas vezes estúpida, esquecemo-nos do mais importante e real... o presente.
Desde sempre que um dos meus motes é Carpe Diem... é bom e mau, mas é real e sempre que não falho na essência do mote, é bom.
O passado... acabou, já não existe, ficaram as experiências, as memórias (boas e más), mas acima de tudo as lições e a oportunidade de crescer com elas.
Saudade... alívio... cicatrizes... nostalgia... memórias...
Neste meu contrasenso em que defendo que o mais importante é o presente, penso ao mesmo tempo que o mais importante é o passado...
Sou o que sou porque tenho o meu passado, que já foi o meu presente e a aspiração de um futuro.

O passado às vezes é uma "prisão"... o medo de cometer os mesmos erros... o receio de confiar novamente... o pânico de sentir as mesmas dores... o passado às vezes tem o poder de paralisar.
O passado já me condicionou algumas vezes... só que quando isso acontece há sempre um momento de epifania em que desperto... e depois continuo o meu caminho... às vezes com um pânico enorme, mas continuo e aceito se cair novamente, porque sei que caio mas levanto-me sempre, mais forte e menos burra.
O passado acaricia-me também, é lá que estão os meus tios... já não estão cá, mas são o tal anjo que me guarda... a memória do colo, dos sorrisos e do amor... o verdadeiro amor, está nos meus tios... eles estão no passado, e de certa forma também estão no presente porque permacem no meu coração e no meu pensamento... porque eles são um anjo que me guarda.
O futuro... é irresponsável não pensar no futuro...é... é irresponsável...
O futuro é um projeto... o futuro é o sonho... o futuro, se existir é o resultado das escolhas do "agora"... o futuro é uma semente que plantamos com a convicção que vai crescer, mas não é garantido, mesmo que tenhamos todos os cuidados quando o plantamos... regamos e tratamos com amor...
O futuro não é garantido... o futuro pode não existir... mesmo assim, sem certezas ou garantias, é tão mas tão importante, porque se existir vai ser o presente, e a responsabilidade desse presente não garantido está no presente real... no agora...
O futuro, se existir, acaba por ser o mais importante.... é lá que podemos ser mais felizes e melhores, porque crescemos, simplesmente porque tivemos a capacidade de aprender com o passado e com o presente.
Por tudo isto... porque o passado é tão mais importante... o futuro pode ser ainda mais importante... 
Por tudo isto... o presente é o que realmente interessa... é o real... é o que existe.
Por tudo isto... Carpe Diem sempre, não esquecendo o passado, porque é o que nós somos, mas também não ignorando o futuro, que apesar de não garantido e ainda inexistente, é o que nós podemos ser... é quando temos a oportunidade e a obrigação de sermos melhores.
Carpe Diem!

segunda-feira, novembro 12, 2018

uma simples nuvem

Vou à janela... o céu está absolutamente azul e uma nuvem, uma simples nuvem branca mas de um branco tão puro a fazer lembrar um enorme monte de algodão transporta-me...
imagino-me lá... sentada num enorme monte de algodão onde só existe silêncio, o azul do céu à minha volta e a sensação do enorme monte de algodão que me envolve e acolhe...
uma nuvem... uma simples nuvem que me transporta e faz sorrir

sexta-feira, novembro 09, 2018

9 de Novembro… Just another day

um copo de vinho?
sim…
saudades… promessas…
palavras esquecidas
história ou estória?
vida!
um copo de vinho?
só um? …
estou comigo… só comigo e tenho a garrafa inteira!
datas… palavras… intenções
sentir… sinto-me…
é... sinto-me
um copo de vinho?

um dia… um dia…
eu disse que o arco-íris existe 
bebo um copo de vinho e caminho sobre o arco-íris
ohhh conheço tão bem o caminho
um copo de vinho?
um dia… um dia talvez

quinta-feira, novembro 08, 2018

Tenho tantas qualidades

curioso mas não surpreendente… o meu último texto tinha como título “Tenho imensos defeitos”, uma constatação que passo a vida a declarar… só que eu também escrevi que tinha tantas qualidades, e essa constatação foi reparada por poucas pessoas…
na verdade há uma tendência assustadora para as pessoas gostarem, ajuizarem, falarem daquilo que é negativo, e eu até nem me posso queixar, porque apesar de não lerem com atenção o que escrevi, (algumas pessoas)os comentários foram simpáticos… no entanto fiquei com aquela sensação da “palmadinha nas costas”, tipo “vá lá miúda! Tu és porreira, não fiques triste!”… hummm não gosto de “palmadinhas nas costas”….
curioso e surpreendente (xiiii como é que eu ainda me surpreendo?)… escrevi para não me tentarem analisar mas sim conhecer… poissss hummm… ou não foi lido, ou não foi entendido, analisaram… analisaram… e analisaram
curioso e caricato… voltei a falar sobre as abordagens estúpidas, não só continuaram como aumentaram….
e porque nem tudo é mau, 2 ou 3 pessoas que intervêm sempre nos meus textos de uma forma inteligente e educada falaram comigo pela primeira vez (por pouco tempo) no messenger… a medo inicialmente porque sabem que eu sou bruta a responder a determinadas abordagens… depois perceberam que eu sei separar o trigo do joio e vejo perfeitamente quando quem me aborda não tem segundas intenções, está simplesmente a ser o que é “simpático e educado”, construindo com isso uma amizade, ainda que virtual.
agora sobre as minhas “tantas” qualidades… afinal o título é esse, é claro que não vou explanar…. Induzi em erro quem se deu ao trabalho de me ler, chama-se a isto “publicidade enganosa”, é o título que capta muitas vezes a leitura e eu… bom eu enganei-vos, sem maldade mas enganei-vos… eu tenho, tenho imensas, muito mais do que defeitos… mas não se faz bandeira das qualidades, elas são para serem descobertas naturalmente, ou não…
a fotografia que escolhi para ilustrar este texto é uma espécie de metáfora… o cabelo que tapa o rosto, mas se uma mão o afastar o meu rosto vê-se… as minhas qualidades existem, só que eu também não as destapo, que as vossas mãos (metaforicamente falando claro) as descubram… ou não.

terça-feira, novembro 06, 2018

Tenho imensos defeitos

pois é... passo a vida a dizer e a escrever que tenho imensos defeitos, mas a mensagem não é perceptível, talvez porque explico-me mal ou então a percepção só é perceptível se me limitar a escrever uma ou duas frases muito curtas para não existir o risco do cansaço da leitura.
o facto de fazer bandeira dos meus defeitos não significa que me desvalorize, ahhhh mas não mesmo! é que eu tenho tantas qualidades, e uma das melhores é a percepção delas.
faço e farei sempre bandeira dos meus defeitos
porque é muito mais honesto
porque quem vê as minhas qualidades é porque me conhece ou porque me "viu"
escrevo muitas coisas, publico poucas aqui... publico o que me apetece porque me apetece, e depois vêm as mensagens... ohhh as mensagens de pessoas que não conheço e que tentam "avaliar-me" e interpretar-me... é de tal forma que apesar da minha falta de resposta, ou se estou em dia de paciência, (coisa rara) e respondo de uma forma monossilábica, fico com a sensação de que há muita gente que pensa:

a) epá eu sou um "granda" psicanalista!
b) a gaja é loira e obviamente vai "cair" no meu bla bla bla
c) água mole em pedra dura tanto bate até que fura
ohhhh mas...
a) eu penso, é verdade eu penso muito... é uma merda eu sei, eu penso e escrevo... e partilho alguns, muito poucos mas alguns dos meus pensamentos, e não, não gosto de burros... e sim sou bruta... caraças pá! sou sensível a detalhes... upssss sou ajuizadora hummm eu avisei que tinha imensos defeitos, só que... sou muito mais do que aquilo que escrevo aqui, sou muito mais e muito menos... não me tentem analisar, quanto muito tentem conhecer-me e obviamente não vou explicar como, dado que gosto de pessoas inteligentes.
b) uma das minhas grandes diversões quando não tenho nada para fazer é passar-me por estúpida, só pelo simples gozo de gozar com estúpidos... eu avisei que tenho imensos defeitos
c) não fura... a sério que não fura, por uma razão tão simples, não sou pedra, sou papoila (se ao menos lessem o que escrevo tinham percebido)
tenho imensos defeitos e tantas qualidades...
a quem teve paciência para ler até ao fim o meu desejo de uma noite feliz... a quem se ficou só pela fotografia hummm "divirtam-se e sonhem colorido"

sábado, novembro 03, 2018

Tenho em mim todas as cores do mundo...

Sinto um misto de nojo e pena de uma propagação viral de gente mascarada de uma felicidade inexistente.
Pessoas cinzentas
Relações podres
Vidas acomodadas
Não vivem... sobrevivem
Não caem simplesmente porque não andam
Ajuizam-me, insultam-me e estranham-me
Eu caio... caio muitas vezes porque recuso-me a ficar parada, mas levanto-me sempre e cada vez mais forte.
Assumo a tristeza quando a sinto... e a alegria da mesma maneira.
Tenho em mim todas a cores do mundo...
Não tenho medo

Vivo
Canto mesmo que desafinadamente
Danço quando e onde me apetece
Defendo as minhas convicções 
Escrevo o que sinto... o que penso
Há quem diga que escrevo muito sobre mim... dane-se! 
Vão à merda com os vossos ajuizamentos!
Exerço a minha liberdade de expressão, na escrita e na vida!
Gosto de mim... gosto muito de mim, não porque me ache extraordinária, não... não sou. 
Sou o normal de qualquer pessoa com carácter...
Não abro mão de ser
Verdade, no ser e no viver
Dignidade, custe o que custar
Visão, vendo sempre para além do óbvio
Acção, não me limitando às palavras
Amor... sendo amor... dizem que o Amor não é como nos filmes, para mim é... se não for não o quero.
Dor... aceito-a sempre com a convicção de que vou aprender e crescer com ela.
Não me demito do "sentir"... demito-me de algumas pessoas.
Tenho em mim todas cores do mundo...

quinta-feira, novembro 01, 2018

A Reconstrução dos Afetos

Escrevi sobre a construção dos Afetos, A Desconstrução dos Afetos e a Destruição dos Afetos, vou agora tentar escrever sobre A Reconstrução dos Afetos.
É intrínseco em mim gostar de pessoas, no entanto gosto cada vez menos de pessoas e de menos pessoas.
Trabalho sem qualquer tipo de esforço o “cultivar” dos afetos, seja pela construção ou pela desconstrução deles simplesmente porque acho que as pessoas valem a pena até prova em contrário…
É tão fácil e saboroso construir afetos quando se gosta de alguém (amizade ou amor, é indiferente), para mim é fácil porque construir afetos é amar e isso é a coisa mais fácil que existe… amar.
Os afetos são construídos de uma forma imaterial, através de atenções, atos e palavras…

Aprendi que a desconstrução dos afectos pode ser uma coisa positiva porque conseguimos percepcionar as coisas de uma forma completamente diferente. Não por destruição de valores mas por decomposição da percepção do outro.
A partir do momento em que nos damos ao trabalho de colocar na nossa "balança dos afectos" o que pesa mais, o bem ou o mal que percepcionamos, e o "bem" ganha, vale a pena o exercício de desconstrução dos afectos.
São poucas as pessoas que valem o esforço, porque é um esforço violento o sucesso deste exercício, mas quando valem a pena, as sensações novas que nos trazem são um "abre olhos"... no entanto o melhor neste processo é a nossa desconstrução... passamos a olhar de uma forma diferente para nós, apercebemo-nos de características (qualidades e defeitos) que nos eram imperceptíveis e indiferentes.
Não é um processo de adquirir tolerância, mas sim de descobrir novas percepções e sobretudo de uma aprendizagem de inconformismo e uma abertura de mentalidade.
Tenho vivido segundo um pressuposto errado, gosto de pessoas até prova em contrário, há pessoas levianas que eu estupidamente tento desculpar vezes e vezes sem conta, e isso deixa-me feridas profundas que com o tempo vão cicatrizando mas que são muito dolorosas, essas pessoas são egoístas e plantam expectativas de uma forma despudorada e leviana… e são essas as pessoas que me entristecem…. que me magoam de uma forma dilacerante e que no final tenho pena delas, porque no fundo são elas as que mais perdem por serem “pequenas”.
Para me “demitir” de um afeto é preciso muito… mas muito mesmo. Demito-me sempre com a consciência que dei o melhor de mim, que dei muito para além do normal. Por isso demito-te de consciência tranquila, com a certeza de que no dependia de mim suportei o insuportável.
A reconstrução dos afetos… lamentavelmente nunca consegui reconstruir um afeto por uma simples razão, quem o mata não sou eu, quem tem a obrigação de o reconstruir não sou eu… e quem o destrói é sempre tão egoísta e leviano que obviamente não tem coragem para tentar colar os cacos. Quem destrói afetos é ligeiro… é leviano… é egoísta e portanto o seu foco será sempre o seu umbigo.
Por isso faço lutos… às vezes muito dolorosos porque me responsabilizo de ter-me dado assim… culpo-me por ser assim… culpo-me por ser dádiva… mas, continuo a achar que eu estou certa, que amar as pessoas é ser dádiva… por isso tenho pena de quem destrói afetos.