quinta-feira, novembro 01, 2018

A Reconstrução dos Afetos

Escrevi sobre a construção dos Afetos, A Desconstrução dos Afetos e a Destruição dos Afetos, vou agora tentar escrever sobre A Reconstrução dos Afetos.
É intrínseco em mim gostar de pessoas, no entanto gosto cada vez menos de pessoas e de menos pessoas.
Trabalho sem qualquer tipo de esforço o “cultivar” dos afetos, seja pela construção ou pela desconstrução deles simplesmente porque acho que as pessoas valem a pena até prova em contrário…
É tão fácil e saboroso construir afetos quando se gosta de alguém (amizade ou amor, é indiferente), para mim é fácil porque construir afetos é amar e isso é a coisa mais fácil que existe… amar.
Os afetos são construídos de uma forma imaterial, através de atenções, atos e palavras…

Aprendi que a desconstrução dos afectos pode ser uma coisa positiva porque conseguimos percepcionar as coisas de uma forma completamente diferente. Não por destruição de valores mas por decomposição da percepção do outro.
A partir do momento em que nos damos ao trabalho de colocar na nossa "balança dos afectos" o que pesa mais, o bem ou o mal que percepcionamos, e o "bem" ganha, vale a pena o exercício de desconstrução dos afectos.
São poucas as pessoas que valem o esforço, porque é um esforço violento o sucesso deste exercício, mas quando valem a pena, as sensações novas que nos trazem são um "abre olhos"... no entanto o melhor neste processo é a nossa desconstrução... passamos a olhar de uma forma diferente para nós, apercebemo-nos de características (qualidades e defeitos) que nos eram imperceptíveis e indiferentes.
Não é um processo de adquirir tolerância, mas sim de descobrir novas percepções e sobretudo de uma aprendizagem de inconformismo e uma abertura de mentalidade.
Tenho vivido segundo um pressuposto errado, gosto de pessoas até prova em contrário, há pessoas levianas que eu estupidamente tento desculpar vezes e vezes sem conta, e isso deixa-me feridas profundas que com o tempo vão cicatrizando mas que são muito dolorosas, essas pessoas são egoístas e plantam expectativas de uma forma despudorada e leviana… e são essas as pessoas que me entristecem…. que me magoam de uma forma dilacerante e que no final tenho pena delas, porque no fundo são elas as que mais perdem por serem “pequenas”.
Para me “demitir” de um afeto é preciso muito… mas muito mesmo. Demito-me sempre com a consciência que dei o melhor de mim, que dei muito para além do normal. Por isso demito-te de consciência tranquila, com a certeza de que no dependia de mim suportei o insuportável.
A reconstrução dos afetos… lamentavelmente nunca consegui reconstruir um afeto por uma simples razão, quem o mata não sou eu, quem tem a obrigação de o reconstruir não sou eu… e quem o destrói é sempre tão egoísta e leviano que obviamente não tem coragem para tentar colar os cacos. Quem destrói afetos é ligeiro… é leviano… é egoísta e portanto o seu foco será sempre o seu umbigo.
Por isso faço lutos… às vezes muito dolorosos porque me responsabilizo de ter-me dado assim… culpo-me por ser assim… culpo-me por ser dádiva… mas, continuo a achar que eu estou certa, que amar as pessoas é ser dádiva… por isso tenho pena de quem destrói afetos.

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