segunda-feira, novembro 18, 2024

vamos fingir por umas horas

 

vamos fingir que vivemos uma história de amor... só por umas horas
quando me tocares olha-me nos olhos e diz-me que sou tua
sussurra ao meu ouvido que me amas
finge...
deixa-me fingir que te amo também
por umas horas... só por umas horas sê o meu amor
vou tocar-te suavemente e dizer-te que sou tua
amo-te tanto
e é tudo mentira, eu sei
só que eu tenho saudades de amar
e acho que preciso de me sentir amada
mesmo sabendo que é a fingir
não há quem finja orgasmos?
eu só quero fingir amor
pode ser que um dia volte a sentir
não sei...
mas por umas horas... só por umas horas vamos fingir que vivemos uma história de amor



sábado, outubro 26, 2024

perguntas porquê que eu já não estou...

 

solto uma gargalhada
fui embora há tanto tempo e só agora reparaste?
dizes que não te disse adeus
solto uma gargalhada
já não te lembras...
disse-te tantas vezes olá
olhei para ti e por ti
sorri para ti
esperei-te
.
.
.
de ti recebi
silêncio
apatia
ausência
as flores que tenho...
as flores fui sempre eu que as comprei
gosto tanto de flores, e tu devias saber
o prazer que tive
foi porque eu me toquei
dancei sozinha
continuei a caminhar... sozinha
gosto de...
por acaso sabes do que gosto?
acho que não
solto uma gargalhada
e aliviada digo
já não interessa...
porque me fui embora



segunda-feira, outubro 21, 2024

soubesses tu o quanto me fazes mossa...

 

mas não és só tu, és também tu, tu e tu...
soubesses tu...
não faria diferença, pois não?
fazes-me mossa
muitas vezes apenas pelo meu ego
outras porque pensei que eras melhor...
se me fazes mossa é porque eu não sou relevante para ti
se eu não sou relevante tenho que retirar a tua relevância para mim
reciprocidade é o mote
o meu trabalho é esse, tirar-te a relevância...
e quando dou por mim já não me fazes mossa
não te apercebes que pratico cada vez mais e melhor o desapego do sentir
é normal... também já fui assim "distraída"
não deixei de ser empática
deixei apenas de ser simpática só porque sim...
deixei de te dar importância e relevância
e assim já não me fazes mossa



domingo, outubro 20, 2024

Bilhete de identidade

 

Mulher
1,62 m
50 Kg
às vezes alegre
outras nostálgica
aprecia as vozes...algumas
mas também ama os silêncios
adora uma boa companhia
mas também ama estar sozinha
gosta de gostar
gosta que gostem dela
simples
complexa
canta desafinadamente... sozinha ou acompanhada
recita poesia
diz que só consegue sentir se a ouvir
ocupa pouco espaço
e mesmo assim sente que não há espaço para ela
discute consigo própria nos seus silêncios
tem opiniões políticas, sociais e espirituais
raramente as exprime
gosta de arte
acha-se arte
percebe que olham para ela mas não a vêm
já sentiu raiva por isso...
hoje sente pena das pessoas
deve ser triste ser-se "cego"... pensa ela
gosta de reciprocidade
detesta abnegação
não gosta das palavras:
cedência
aceitação
paciência
não compreende quem defende a disponibilidade ou indisponibilidade para amar
não se importa de não compreender
aceitou que na verdade para a maioria das pessoas a sua identidade é apenas:
Mulher
1,62 m
50 kg



quarta-feira, outubro 16, 2024

menti

 

menti descaradamente
menti intencionalmente
menti por medo
menti por defesa
menti porque é fácil
estamos sempre sujeitos a interpretações, e através da mentira consigo controlar a narrativa da minha vida
acreditei que a minha verdade podia doer
a verdade coloca-me suscetível a interpretações erradas, e eu não gosto
a verdade obriga a um maior exercício de empatia
a verdade obriga a explicações
estava errada, e tudo por culpa do meu ego
bani a mentira
abracei a verdade
consigo dizer o que quero e o que não quero
gosto de mim, gosto muito de mim e só assim consigo gostar de outras pessoas
voltei a sorrir



domingo, outubro 13, 2024

eu já não quero

não confundas o meu silêncio com ausência de pensamentos

não confundas a minha ausência com uma pertença independência
não confundas a minha independência com inexistência de carência
não peço
não estou
não cobro
observo
observo...
percebo que não me vês
olhas-me mas não me vês...
e eu... eu já não quero



quarta-feira, setembro 18, 2024

primeira noite

os meus pensamentos levam-me à nossa primeira noite, e inevitavelmente sorrio

a beleza das coisas simples que nos fazem sorrir
que bom conversar sem pruridos e ser verdade
lambrusco ao som de blues
descalços e a conversa flui com tanta naturalidade
gargalhadas sentidas
fecho os olhos...
consigo sentir a textura dos teus lábios e o sabor do nosso beijo
de repente parece que estou novamente envolvida no teu abraço... que terno e ao mesmo tempo forte o teu abraço
fecho os olhos e ouço-te
és tão melhor do que imaginei
fecho os olhos e sinto-te dentro de mim
suave... vigoroso... suave
o prazer de sentir que o meu prazer te provoca prazer
o prazer de sentir que o teu prazer me provoca prazer
ouves os meus pedidos e não paras
saio de mim e levito... sinto que estamos os dois a levitar numa dança que só os nossos corpos naquele momento entendem
ouço-te
sinto-te
fundo-me...
abro os olhos e sorrio ao lembrar-me da nossa primeira noite



segunda-feira, setembro 16, 2024

estou diferente

 

de alguma forma, ou de muitas formas estou diferente

sinto que atravessei um deserto
senti dor e chorei... pouco, acho que gastei as minhas lágrimas
senti apatia e estranhei-me... não me reconheci
exercitei a empatia... e cansei-me
baixei os braços durante algum tempo
entrei em luta comigo... e doeu
fui tomando consciência de tantas coisas em mim que estavam erradas...e tratei-me
estou diferente
já consigo rir e sorrir sem dificuldade
estou diferente
sou melhor
cresci
estou diferente
sorrio...



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domingo, julho 14, 2024

Estes móveis sentem

Tratamos e somos tratados como móveis, movimentados de uma divisão para outra, ou simplesmente descartados e substituídos.

Há de tudo...
móveis de um designer famoso
móveis antigos e altamente valiosos
móveis das "IKEAS" da vida
Depois existe também o "tamanho e a qualidade da casa" que criamos, por capacidade ou incapacidade...
Minimalista
Clássico
Moderno
Rústico
Todos os estilos são válidos
Todos os estilos são cansativos
Na insatisfação constante, seja por inércia ou cansaço deste tempo em que não há tempo, movimentam-se os móveis, às vezes na mesma divisão, mas tirando-lhe o destaque porque existe um móvel novo, não necessariamente melhor nem obrigatoriamente pior, só que a adrenalina da novidade é irresistível.
Outras vezes vão para divisões que não são frequentadas, arrecadações ou garagens, e quando perdem a utilidade ou o encanto são deitados para o lixo.
A chatice é que estes móveis sentem.
Com o tempo eu "móvel" adquiri rodinhas, já não deixo que me desloquem, tenho a capacidade de ir embora sozinha.
Com o tempo, eu "proprietária" escolhi ter a casa quase vazia, e os meus poucos móveis são preciosos, olho para eles com encanto, sabendo que a minha casa tem espaço para mais, desde que sejam bons e para permanecer.
Claro que não existem garantias, tudo pode acontecer, existe sempre o risco de pensarmos que estamos a adquirir algo fantástico e depois percebemos que fomos ludibriados, é só uma questão de aceitar e continuar a acreditar.
Aprendi a olhar para mim como uma criação de Philippe Stark.
Aprendi que é absolutamente legítimo e não criticável, verem-me como um móvel igual a tantos outros, dos IKEAS desta vida.
Aprendi que as minhas rodinhas permitem-me ir, por pouco tempo, e escolha minha, a outras casas. A mobilidade quando bem utilizada é fantástica.
O mais importante não é como nos vêem, mas sim como decidimos vermo-nos, porque quando temos a noção do que somos, existe por consequência a obrigação de adquirir as maravilhosas rodinhas e sair por escolha nossa.
Não menos importante é perceber que às vezes estamos danificados, mas existe quase sempre (haja vontade) solução de restauro.
Estes móveis sentem...
Sejamos empáticos e compreensivos.



domingo, julho 07, 2024

censura

 censura...

censura camuflada
censura da censura
censura...
autocensura
medo da censura
censura