quero-te

de todas as maneiras

e sem nenhumas maneiras

com todos os sentidos

e sem sentido nenhum

olha para mim

vês-me?

não me faças perguntas

sou eu

fui sempre eu...

fechei os olhos

e estavas lá...

quero-te

com pressa e sem pressa nenhuma

abri os olhos

.

.

.

acordei

adeus

fui-me embora

deixei desejos

e

quero...

que me sobrevivas

que te recordes

depois...

depois sente se fores gente

e fala-me

abraça-me

toca-me... nos teus sonhos

brinda à vida

vive a vida

sente a vida

ofereço-te paz

aceita

não chores

eu já não choro

porque eu vivi

sim.. chorei

mas senti

e amei

sente

sente o que eu fui...

sente paz

queres ver-me?

procura-me no arco-íris

sobrevive-me e sente

se fores gente...

eu senti

... adeus

amém

tic tac... tic tac... tic tac...

passam horas, dias, anos...

tic tac... tic tac... tic tac...

olho-me

repito frases e ideias na minha cabeça com uma convicção quase religiosa

às vezes penso que são orações que faço de agradecimento, outras vezes penso que simplesmente penso muito...

e o tempo passa... tic tac

amém

continuar a olhar em frente, mas agora com a visão a 180º

colocamos palas quase impercetíveis e camufladas, e como consequência falhamos escolhas simplesmente pela falta de visão, demorei a perceber que também eu as tinha, no entanto o importante é que percebi e tirei as palas.

amém

sorrir com as boas memórias e aceitar as más, foi sobretudo por essas que eu cresci e sou quem sou

amém

experienciar a vida na sua plenitude e com todos os meus sentidos, e saborear cada momento com a consciência de quem sou

amém

quero muito continuar a gostar de ti, e de ti... e de ti

merece-me e não me perdes

desmerece-me e ficas apenas a fazer parte das memórias

amém

respiro... sorrio e preparo um gin

danço suavemente ao som de It Makes Me Scream de Meena Cryle e por momentos limito-me a sentir

eu... o gin... a música...

amém