terça-feira, julho 24, 2018

Desconstrução ou reconstrução das minhas palavras

Desconstrução ou reconstrução das minhas palavras
... quase que me afogo... quase... mas...
sou sensível... não sou frágil!
sou complicada... mas não sou para quem gosta do óbvio
e... tenho imensos defeitos!
há metafísica para além das imagens... e eu como chocolates... mas também amo as imagens.
Às vezes é preciso "fecharmos os olhos" e lembrarmo-nos do nosso "eu" inicial e original...
percorri uma estrada de terra batida e "vi"... "a flor" de um tamanho de uma moeda de 1 cêntimo, perdida entre ervas secas e outras verdes... aparentemente imperceptível para quem não "vê" e se limita a olhar... aparentemente imperceptível porém bela, viva e com alma
Já tentei mudar... já tentei!
Adorava não ser assim... mas sou.
Mas levanto-me, levanto-me sempre sem bengalas! Não sou conformista, nem comodista! Caio, lambo as feridas e levanto-me sozinha! Não tenham pena de mim!
Que eu nunca seja vista como dado adquirido... não sou.
Que eu nunca seja vista como a "tampa da panela"... não sou.
Que eu não seja sentida como a "alma gémea"... não sou.
Que eu nunca seja sentida ou vista como uma "muleta"... não sou.
Amo dar mas amo receber também...
Amo amar.
O amor move-me mas não me paralisa.
O amor pode até magoar-me mas não me mata... não consegue pelo simples facto de que eu sou amor.
São os detalhes que me encantam ou desencantam.
Sou feita de detalhes, um contrassenso pois simples e complexa...sensível e forte...
Afinal estar viva hoje é apenas um detalhe...eu sou um detalhe que amanhã deixo de existir sei isso... mas já não quero saber, é apenas um detalhe e eu sou um contrassenso de detalhes.
Estava para aqui a pensar... é um passatempo que tenho, pensar... e percebi que sou o oposto da Maçonaria... dizem que a Maçonaria não é secreta é discreta... já eu, sou "secreta" mas indiscreta...
Nota: palavras escritas por mim que decidi desconstruir e reconstruir, algumas publicadas aqui, outras em outro local... porque são minhas e eu... posso
"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! (...)" Tabacaria de Álvaro de Campos

segunda-feira, julho 23, 2018

Carne...

Carne...
Gula
Carne que sofre
Carne que dá 
Carne que espera
Carne...
Lágrimas
Sorrisos
Silêncios
Carne...
Canta-se desafinadamente
Dança-se desatinadamente
Fala-se despudoradamente
Carne...
Longe
Miragem
Carne...
Sonho
Realidade
Carne?

Palavras

Às vezes sinto que já gastei todas as palavras. 
Gostava que fossem inventadas outras... usei tantas vezes as palavras que de certa forma ficaram gastas... palavras leva-as o vento diz o ditado e eu defendo... mas as palavras também podem ficar no pensamento só porque ficam, só porque foram ditas ou ouvidas e ficaram cá dentro... e eu quero inventar outras... quero falar outras... quero ouvir outras...

sexta-feira, julho 20, 2018

A Construção dos afectos

Gosto de pessoas, no entanto gosto cada vez menos de pessoas e de menos pessoas.
Os afectos em mim "nascem" naturalmente... o normal é gostar até prova em contrário, disparate porque traz inevitavelmente chatices.
Gosto de pessoas independentemente das suas ideologias políticas, espirituais, filosóficas... gosto de pessoas ponto.
Gosto de formas diferentes e com intensidades diferentes...
Os afectos, tal qual as plantas devem ser tratados... cultivados.
Quando falo em afectos refiro-me à amizade e ao amor.
Cultivar é construir... às vezes dá trabalho, requer atenção mas se existe a intenção de construir, esse trabalho é normalmente saboroso.
Constato (generalizando claro), que a tendência da construção de afectos está em desuso... existe um egocentrismo que castra a atitude da construção, um "olhar só para o meu umbigo", eu própria caio várias vezes nessa tentação, não sou excepção. Quando me apercebo tento alterar a minha postura tornando-me mais proactiva... mas falho também.
Quando se gosta de alguém (amizade ou amor, é indiferente), é tão importante receber um
... olá!
... gosto de ti!
... como estás?
... quero estar contigo!
... estás melhor?
... lembrei-me de ti hoje!
Há tanta coisa imaterial que constrói os afectos.
Posso dizer que embora (como qualquer pessoa) sofra com a destruição de alguns afectos, tenho sido também privilegiada com a construção de vários afectos.
Escrevi há relativamente pouco tempo um texto sobre a desconstrução dos afectos, essa desconstrução não é sinónimo demissão, se existe o esforço da desconstrução, não pode ser desvalorizado, pelo contrário deve ser apreciado com mais intensidade...coisa que nem sempre acontece e que o resultado é a "morte" do afecto, e tem ou deve ser encarada com naturalidade.
A vida também é isto, nascer... crescer e morrer.
A construção dos afectos está a ser pouco praticada, mas não foi esquecida.
Gosto de pessoas, e gosto de gostar de pessoas.

quinta-feira, julho 19, 2018

A papoila

disse que ia afogar e matar a papoila naquele mar... mas não... não morreu, ficou apenas em hipotermia no entanto lúcida.
tanta convicção numas coisas e fraqueza no essencial...
o pretérito imperfeito e o pretérito incondicional é dos fracos
gostava... gostaria
ela disse "eu sou o verbo, conjugai-me como deve ser"... ela é conjugada e conjuga de outra forma... ao contrário de outros não é fraca
gosto... gostei... gostarei...
a papoila não morreu... nadou e foi para uma ilha.
disse que ia afogar e matar a papoila naquele mar... mas a papoila não morreu... nadou e foi para uma ilha.
não morreu, esteve apenas em hipotermia no entanto lúcida....
enquanto nadou e até chegar à ilha foi atirada inúmeras vezes contra as rochas... sangrou... sangrou muito
as lágrimas da papoila são sangue
quando chegou à ilha esteve em hipotermia e ficou como uma estátua
estática?... sem vida ou apenas adormecida...
és... és papoila?... gaguejou... mas gaguejou com coragem para a abordar... olhou para os seus olhos, a única coisa que mostrava vida... ainda que quase imperceptível...
murmurou-lhe telepaticamente "és papoila... eu sei"...
despertou... ganhou vida...
tirou a papoila da ilha...
a papoila regressou.


quarta-feira, julho 18, 2018

frases...



Anda a apetecer-me divagar sobre frases que ouço recorrentemente e que eu considero "muletas" argumentativas, digo isto sem qualquer conotação pejorativa, também tenho as minhas com toda a certeza.
1ª "muleta argumentativa"
É o que é.
pois... se cá nevasse fazia-se cá ski
Conclusão (minha) óbvia: pois... mas não neva.
Solução (minha) óbvia: 
se eu quiser muitooo fazer ski vou para onde neva
Hoje estou particularmente entrópica...

quinta-feira, julho 12, 2018

Cupões, talões e cartões

Hoje apetece-me falar sobre coisas triviais que me inquietam de uma forma ligeira e por breves instantes... porque são ridículas.
Sou praticamente todos os dias "presenteada" com cupões, talões e cartões. Abro a caixa do correio e lá estão eles... a promessa e o convite a descontos... "leva-me, compra e tens descontos!"... eu olho para eles e... lixo!
Esta tentativa de me levarem a comprar não é bem sucedida, compro quando quero, o que quero e se quero!
Cupões e talões de desconto vão para o lixo imediatamente... os cartões são os únicos que resistem e vão-se acumulando na minha carteira.
Cupões, talões e cartões... trivialidades desta sociedade consumista que me inquietam e que não me seduzem.

segunda-feira, julho 09, 2018

sou...

sou aspirina...
sou vitamina...
sou a que ouve...
sou a que não se cala..
sou a que pede...
sou palavras...
sou pele...
sou a amiga...
sou o momento...
sou a que ama o longe e a miragem...
... mas não sou miragem!
... sou papoila
... sou vida
... sou amor
e vós amais o que é fácil!

viu...

parou... sentou-se e finalmente "viu"...
"ohhh existe tanta beleza e eu faço parte dela também!"
naquele momento todos os sons "misturados" deixaram de ser barulhos e transformaram-se numa música... bela e perceptível
o mar... os pássaros... as vozes (umas doces, outras nem por isso)... a sua respiração... tudo com o compasso da memória de outros sons...
"tão bela a música que consigo finalmente ouvir!"
parou... sentou-se e finalmente "viu"...

quarta-feira, julho 04, 2018

Amor... e amar

Amor substantivo masculino... disparate... eu sou amor e não sou substantivo, sou verbo
Amar verbo transitivo... é disparate e não é... o perfeito é com complemento mas pode-se amar sem a necessidade do complemento... pode-se mas custa... mas pode-se...
Irrita-me quando me tentam "explicar" como conjugar o verbo ou entender o substantivo... é como tentarem explicar-me um quadro abstrato... cada um sente e conjuga à sua maneira.
Bem sei que para muitas pessoas, provavelmente para a maioria será arte figurativa e facilmente entendida, para mim não... para mim é abstrata e eu... sinto-a e vivo-a à minha maneira, por isso não me tentem explicar nem mudar... sou amor... sou arte... há quem me "veja", há até quem consiga entender-me e sentir o quão esmagador para mim pode ser essa arte, pelo simples facto de ter esta característica profundamente irritante "sensibilidade exacerbada"... mas mesmo assim há sempre a tentação de tentarem que exerça uma espécie de mutação... não é possível... eu sou o substantivo e conjugo o verbo...
Amar... amor é arte... não me expliquem a arte... ofereçam-me arte se quiserem ou conseguirem mas não me expliquem... cada um sente a arte à sua maneira.